RESENHA - OS CRIMES ABC

Livro: Os Crimes ABC (The A.B.C. Muders) 
Autor: Agatha Christie
Editora: L&PM Editores
Paginas: 207
ISBN: 9788580415018










Sinopse via Skoob: 
Há um serial killer à solta, matando suas vítimas em ordem alfabética. A única pista que a polícia tem é um macabro cartão de visitas que o assassino deixa em cada cena do crime: um guia ferroviário aberto na cidade onde a morte acontece. 
A Inglaterra inteira está em pânico com a sucessão de crimes – A: Alice Ascher, em Andover; B: Betty Barnard, em Bexhill; C: Sir Carmichael Clarke, em Churston – e o assassino vai ficando mais confiante a cada morte. Seu único erro é pôr à prova o orgulho de Hercule Poirot, um erro que pode ser mortal.

A minha paixão pelas obras de Agatha Christie é algo recente, por muito ouvir falar de seus livros, se fez em mim a curiosidade de ler algo de sua autoria. Comecei por uma de suas obras mais leves (digo isso comparando a "Os Crimes ABC") "O Mistério do Trem Azul", nele tive a oportunidade de conhecer o extravagante, detetive Belga, Hercule Poirot, que nos promove pensar e refletir perante as pistas deixadas pelos criminosos e a cada interrogatório realizado por ele, com suas perguntas aparentemente inofensivas, mas que — voilà! Sempre levam a algum lugar, dando um novo rumo a história e se aproximando cada vez mais da resolução do crime.

A obra Os Crimes ABC tem a narrativa de Arthur Hastings, ou melhor, Capitão Hastings, amigo inseparável de Poirot. Embora suas conclusões perante os fatos, sejam muitas vezes o oposto da realidade, elas ajudam no raciocínio de Poirot. Este vive ironizando a forma de pensar de Hastings.

 “ — Mon cher Hastings — disse ele, afetuosamente. —Meu bom gênio.
Fiquei confuso com esse repentino sinal de estima.
— É verdade — Insistiu Poirot. — Sempre … Sempre… Você sempre me ajuda… Me traz sorte. Você me inspira.” (P. 176).

Não sei se é porque vemos o desenrolar da história pela perspectiva de Hastings, mas, terminamos por seguir a mesma linha de pensamento dele, sendo às vezes, inocentes e superficiais, tornando a leitura cômica, ou, dependendo do ponto de vista, um pouco irritante. 

“ Poirot respondeu minha pergunta com outra pergunta.
— Me diga, Hastings, você considera o caso encerrado?
— Bem … Sim, praticamente falando. Pegamos o homem. E temos a maioria das provas. Só precisamos dos detalhes.
Poirot sacudiu a cabeça.
[…] " (P. 174/175)

O que torna tudo ainda mais interessante são os capítulos cujo titulo é “ Fora da narrativa pessoal do capitão Hastings”, neles, nos é apresentado o "suposto" assassino e são narrados alguns de seus passos, que é outro ponto excitante na história, a principio não temos que nos preocupar em descobrir quem é o criminoso, mas sim, nos remete a querer saber o porque dos assassinatos, o porque dele escrever a Poirot avisando onde e quando o próximo crime irá acontecer, mas, todos esses questionamentos são relevantes, pois, nos levam a verdadeira historia por trás dos crimes. Enfim, coincidência ou não o nome do "suposto" assassino é Alexander Bonaparte Cust (ABC) a partir dai, no decorrer da história se fundamenta outra teoria, que explica as cartas enviadas a Poirot. 

“ — Sim. Aparentemente, Cust é vítima da extravagância da mãe (complexo de Édipo, não é de se admirar!), com dois nomes de batismo extremamente bombásticos: Alexander e Bonaparte. Percebe as implicações disso? Alexander: o popularmente suposto invencível que remete a mais mundos a conquistar. Bonaparte: o grande imperador dos franceses. Ele quer um adversario … Um adversário, pode-se dizer, a sua classe. Bem, aí esta você: Hercules, o forte.” (P. 173)

Em resumo, Os crimes ABC é uma obra fascinante, do início ao fim, nos cativa e envolve a cada pagina, nos deixando mais atentos aos detalhes de cada assassinato. Que a proposito, Agatha nos promove deliciar quatro assassinatos, com as vítimas executadas de diferentes maneiras; golpes na cabeça; estrangulamento; esfaqueamento. Mas, com ABC, sempre deixando a sua assinatura em cada cena de crime, um guia ferroviário aberto na cidade onde a morte acontece.

Para finalizar deixo a minha parte favorita do livro, para vocês. Um dialogo entre Hercule Poirot e Hastings.

“_ Estou falando a língua das mesas de jogos. Na roleta, pode haver um longo período em que só sai preto … mas, no fim, o vermelho deve aparecer. São as leis matemáticas da sorte.
_ Você está querendo dizer que a sorte muda?
_ Exatamente, Hastings. E que é onde o jogador (e o assassino, que é, afinal, apenas um tipo supremo de jogador, já que o que arrisca não é dinheiro, mas a própria vida) costuma carecer de expectativa inteligente. Porque ganhou, ele pensa que continuará ganhando! Ele não abandona as mesas no tempo certo, com o bolso cheio. Assim no crime, o assassino bem-sucedido não pode conceber a possibilidade de não ser bem-sucedido! Ele pega para si mesmo todo o crédito para um bom desempenho … mas estou dizendo a vocês, meus amigos, que por mais cuidadosamente planejado que seja, nenhum crime pode ser bem-sucedido sem sorte! […] " (P. 140)

Em meio a tanto “suspense” e genialidade é praticamente impossível não colocar as células cinzentas para funcionar…

(Imagens do Google)