#RESENHA - AS LUZES DE SETEMBRO 📚📖☕

Livro: As luzes de setembro
Autor: Carlos Ruiz ZafĂłn
Editora: Suma de Letras
PĂĄginas: 232

Ano: 1995









Sinopse via Skoob: 
Durante o verĂŁo de 1937, Simone Sauvelle fica de repente viĂșva e abandona Paris junto com os filhos, Irene e Dorian. Eles se mudam para uma cidadezinha no litoral da Normandia, e Simone começa a trabalhar como governanta para Lazarus Jann, um fabricante de brinquedos que mora na mansĂŁo Cravenmoore com a esposa doente.
Tudo parece caminhar bem. Lazarus demonstra ser um homem agradĂĄvel, trata com consideração Simone e os filhos, a quem mostra os estranhos seres mecĂąnicos que criou: Objetos tĂŁo bem-feitos que parecem poder se mover por conta prĂłpria. 
Irene fica encantada com a beleza do lugar – os despenhadeiros imensos, o mar e os portos – e por Ismael, o pescador primo de Hannah, cozinheira da casa. Ismael tem um barco, entende tudo sobre navegação e gosta de velejar sozinho, atĂ© conhecer Irene e vĂȘ-la de maiĂŽ... Os dois logo se apaixonam.
Entre Simone e Lazarus parece nascer uma amizade. Dorian gosta de ler é muito curioso, quer entender como os bonecos de Lazarus funcionam. Todos estão animados com a nova vida, quando acontecimentos macabros e estranhas apariçÔes perturbam a harmonia de Cravenmoore: Hannah é encontrada morta, e uma sombra misteriosa toma conta da propriedade.
Irene e Ismael desvendam o segredo da espetacular mansão repleta de seres mecùnicos e sombras do passado. Juntos enfrentam o medo e investigam estranhas luzes que brilham através da névoa em torno do farol de uma ilha. Os moradores do lugar falam sobre uma criatura de pesadelo que se esconde nas profundezas da floresta.


“[…] Num mundo de luzes e sombras, todos nĂłs, cada um de nĂłs precisa encontrar seu prĂłprio caminho.” (P. 227)

Quando me indicaram este livro e eu tive o meu primeiro contato com ele, como de costume (Ă© algo meio que inevitĂĄvel) cai na besteira de relacionar a capa com o tĂ­tulo, o que me gerou certo preconceito. A imagem da capa, uma garota olhando para o nada e ao fundo o que parece ser uma praia deserta, com alguns arbustos e um farol, quando somada ao tĂ­tulo “As luzes de setembro”, me veio logo a mente o gĂȘnero romance, algo meio “ĂĄgua com açĂșcar”. O que me fez iniciar a leitura um pouco desanimada, sem muitas expectativas, mas, essa minha primeira impressĂŁo logo ficou para trĂĄs, jĂĄ nos primeiros capĂ­tulos, a minha imaginação foi aflorada e a minha curiosidade despertada.


E a medida que fui adentrando cada vez mais esse universo de fantasia, a historia foi tomando um rumo diferente do que eu esperava. Um rumo mais sombrio (literalmente kkk), admito que nĂŁo sou muito fĂŁ do gĂȘnero Thriller, tendo em vista os filmes que jĂĄ assisti, que nĂŁo me deixaram pregar os olhos a noite. Mas, atĂ© entĂŁo nĂŁo tinha lido nada deste gĂȘnero, e por incrĂ­vel que pareça, nĂŁo fiquei com medo de ir na cozinha tomar ĂĄgua no meio da noite, nĂŁo sei se foi por se tratar de um "terror psicolĂłgico" ou se foi por tudo ter se resolvido no final. 


Outro ponto que me deixou ainda mais empolgada com a histĂłria, foi o envolvimento dos personagens com os livros, pelo que ouvi falar Ă© algo que jĂĄ parece marca registrada do autor, que em outras obras, fez dos seus protagonistas "Bibliofiliacos" (bom, acho que exagerei um pouco kkk. Em outras palavras, amantes de livros). Temos os Sauvelle (Dorian irmĂŁo de Irene e Simone, a mĂŁe deles) tem grande paixĂŁo pela leitura, em diversas partes da histĂłria sĂŁo citados, lendo ou em contato com algum livro e Lazarus Jann, o proprietĂĄrio de Cravenmore, que tem uma biblioteca, que Ă© o sonho de qualquer amante de livros:


“[…] mas seu trabalho tambĂ©m envolvia a aquisição de livros para a biblioteca de Lazarus. A esse respeito, seu patrĂŁo disse claramente que seu passado como educadora foi determinante na hora de escolher entre outras candidatas mais experientes no serviço. Lazarus destacou que essa tarefa era uma das mais importantes de seu trabalho.” (P. 29)

“No meio da manhĂŁ daquele dia Simone Sauvelle cruzou as portas da biblioteca pessoal de Lazarus Jann, que ocupava uma imensa sala ovalada no coração de Cravemmore. Um universo infinito de livros subia numa espiral babilĂŽnica atĂ© uma claraboia de vidro colorido. Milhares de mundos desconhecidos e misteriosos convergiam para aquela catedral de livros. Por alguns segundos, Simone ficou olhando boquiaberta para aquela visĂŁo, o olhar
No desenrolar da obra, varias liçÔes ficam no ar e cabe a nós interpreta e aplica no nosso dia a dia...
“Ao ouvir as palavras do fabricante de brinquedos, Irene compreendeu que nunca mais veria aquele universo de imaginação transbordante que povoava Cravenmore apenas como uma espetacular e impactante proeza do gĂȘnio que o criou. Para ela que havia conhecido em sua prĂłpria carne o vazio da perda, Cravenmore era o obscuro reflexo do labirinto de solidĂŁo em que Lazarus Jann vivia hĂĄ vinte anos. Cada habitante daquele mundo maravilhoso, cada criação, constituĂ­a simplesmente uma lagrima derramada em silĂȘncio.” (P. 28)

Com tudo, fiquei surpresa em como o autor consegue mesclar duas histórias em uma, sendo elas, uma derivação da verdade, que vai tomando forma chegando a um desfecho só, no final. Outro ponto, é como ele consegue aproveitar bem os capítulos, a sincronia dos fatos e dos personagens, a mudança de cenårio apenas de um paragrafo para o outro sem confundir a cabeça do leitor.

Nesse universo de fantasia sĂŁo citados diversos personagens conhecidos, na historia da literatura e do cinema, tais como, Sherlok Holmes, Greta Garbo, entre outros, alĂ©m de uma breve referĂȘncia a uma das obras de Victor Hugo, o que Ă© ainda mais interessante para quem os conhece ou jĂĄ ouviu falar.

A obra possui tantos pontos instigantes que nos cativa a querer ler mais e mais, atĂ© conseguir desvendar todos os mistĂ©rios, e a separar o real do imaginĂĄrio. O livro parece nos sugar para dentro dele, nos permitindo viver um leve romance (nada ĂĄgua com açĂșcar), com boas doses de aventura, uma pitada de terror e muito suspense (do primeiro paragrafo ao ultimo).

Ainda surpresa e apaixonada, com o desfecho da histĂłria deixo aqui minha parte favorita (em meio a tantas)

“_ A magia Ă© apenas uma extensĂŁo da fĂ­sica. Como vai vocĂȘ em matemĂĄtica?
  _ Mais ou menos, fora a trigonometria, assim, assim…
Lazarus sorriu.
  _ EntĂŁo começaremos por aĂ­. A fantasia Ă© feita de nĂșmeros, Dorian. Este Ă© o truque.
O menino fez que sim, sem entender.
Finalmente, Lazarus indicou a porta e os acompanho até a soleira, foi então quando, Quase por acaso, Dorian acreditou ver o impossível. Ao passar frente a uma das lampadas pestanejantes, as silhuetas que projetavam seus corpos se desenharam sobre muros. Todas menos uma, a de Lazarus, cujo rastro na parede era invisível, como se sua presença não fosse mais que uma miragem.

Quando se voltou, Lazarus o observava atentamente. O menino engoliu em seco. O fabricante de brinquedos lhe beliscou carinhosamente a bochecha, zombador. _ NĂŁo acredite em tudo o que seus olhos veem… 
 _ E Dorian seguiu sua mĂŁe e sua irmĂŁ para o exterior de Cravenmore.” (P.31)

Adorei a experiencia com o novo gĂȘnero, pretendo ler mais obras, deste autor e do gĂȘnero Thriller psicolĂłgico, acabou de ganhar o seu lugar nos "queridinhos" .

Dica: Pra quem mora em Itabira-MG o livro estĂĄ disponĂ­vel na biblioteca da Fundação Cultural Carlos Drummond Andrade.




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